quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Primeirando

Te ter em mim, sorver meu desejo aniquilado de ira, de desafeto, das perdas de paciência e respeito... Abrir-se enfim, ignorando todo o medo e o anseio que não podem ser transfigurados no outro, pois há muito mais aqui. Parir meu seio, trafegar minha fome dar-lhe nome e sobrenome... Não fugir, proliferando abrigos dentro de mim, vagas escuras e sombrias, frutos de outros dias e que cada vez mais se afundam. Existir como traço de saudade, austeridade diante da diversidade e o carinho de querer ser o melhor pros dias que hão de vir.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

oo

Para poder morrer

Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.
Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas
Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas
Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.
Porque assim é preciso
Para que tu vivas.

Hilda Hilst
(1930-2004)

Como nascer de novo? Como sobreviver a este parto artificioso? Porque é preciso morrer. A utopia é somente uma crítica dirigida a uma realidade que não agrada. Mas não se pode perseguir quimeras. Para estar aqui só tem duas armas: dignidade e morte. Não há razão que valha desvirtuar a dignidade, da exata forma como não há porque temer a morte, tudo é ciclo, este ciclo infinito e irracional que só pede a incrível medida que confere cada cerne. Eu vou morrer, já de pronto, e depois vem a nova missão tentar descobrir como voltar a vida!

O homem de Ló

Serrei barras de ferro, carreguei garrafões de água, calei a boca histérica dos que elevavam a voz através de argumentos, mas isso tinha a ver com situações passadas deste lado do rio. Pena que na outra margem você não podia ver... Elevando o preço de mercado de algo que o consumidor não há de querer, pois já havia gasto seu soldo de outras maneiras. Sempre foi assim, ninguém é capaz de transformar o outro a não ser fisicamente -a base de cirurgia ou porrada. Qualquer incomodo ou desconforto que eu tenha causado não é mais problema meu, já passou do tempo de ser. Todos tem passado, não me desperta a curiosidade pelo de ninguém, mas me interessa quando o passado de alguém me fere, magoa e volta e meia se faz e refaz na minha frente. Uma pessoa tão amada traiu a minha confiança, o outro a minha fé e você atropelou tudo a volta com este desespero desacerbado... Vou olhar para trás. Quero virar sal, só peço isso: Oh! Grande Intestino me faz estátua de sal! Pois eu não quero mais sentir fome, eu não posso, não tenho forças, tudo água abaixo e eu sal derreteria.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Errança

Pode ser diferente
Pode chegar o dia em que seu filho se alimente
Daquilo que vem da sua terra natal
Que os pés de mandioca não se estraguem
Que a esperança não morgue na impunidade
Que o orgulho dos barcelenses não matem
Pois os corpos estão se esvaindo
Pessoas boas, de fé estão partindo
Os pés e mãos atadas só possibilitam um choro contido
Porque nenhum filho da puta maldito
Que com o poder da máquina brinca de bandido
Asim não quer enxergar.
Quando morre uma pessoa de bem é menos um a incomodar.
A fome num gigante colossal que não fala.
A fome de cultura, de emprego, de pão...
A fome de uma nação de caboclos castigados
pelo fim das panelinhas parasitárias,
Pelo fim da falcatrua, da gambiarra
E pelo começo de uma vida mais justa com sua dignidade.
Basta! Barcelos não é uma puta e sim uma senhora cidade!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Esquina

Se as palavras que foram escritas há tempos atrás alcançaram seu objetivo, então há motivos pra rir. Hilda como se envelhece tão lindamente? Os vasos, os quadros, os versos, as fotos, os fatos... E nada muda que os intolerantes permanecerão intactos na ignorância de seus altos saberes tolos, o que é mais importante: Aprender a entender as pessoas ou aprofundar-se em teorizá-las? Esteriótipos... Sorrir com os cantos dos olhos, abraçar a si mesmo em público, falar alto e não medir pudores para o que se fala... Viver!!!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Mas não vejo mais o porquê...

É eu realmente pensei, quisera eu pudéssemos nos ater ao mundo dos sonhos, estou avoada exatamente por este motivo, perdi meu sonho, perdi o significado dele e a razão pela qual amei escrever. Estou triste mesmo quando sorrio e me deixo levar por fora, porque no fundo voltei ao patamar infantil onde outras pessoas dirigem sua vida, o que deve ser feito dela, suas prioridades, os erros são escancarados na face e eu não posso pensar, não tenho espaço para isso, se eu sentar e chorar não pode ser porque estou perdida mas sim porque há mil outras possibilidades que eu nem tinha visto e que serão impostas de cima para baixo. Se eu amar pessoas não será por suas universalidades e sim por um desejo inexistente, se eu abarcar novas idéias e desprezar as antigas deixarei de ser eu mesma? Ainda sim minha melancolia é pelo fato de eu não conseguir comportar tudo isso, não sei explicar e o mundo à volta não compreende, o erro é meu que não sei dialogar com minhas coisas indizíveis para expô-las para fora, e, é por isso e somente por isso que não quero mais escrever!!!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

"Agá"

"Olhando dentro dos meus olhos, ele falou que a vida é feita de escolhas e me senti tão pequena naquela sala de aula que as lágrimas me rolaram dos olhos."

Será que as escolhas feitas nos últimos dias foram acertadas? É como se tivesse que acalmar um bicho selvagem nada resoluto que consome toda paz! Como domar a intempérie do ser? Mágoa, riso, dor, resignação, esperança... Tudo se transfigura, são cavalos correndo desordenadamente implorando libertação de algo que não se pode explicar. Como é possível que existam pessoas que não se permitam sentir isso? Elas não entendem o cansaço do racionalizar, do pesar, do narrar o indizível e reconfigurar um ser, um fato, um sentimento em turbilhões de palavras sedentas de elucidação, esclarecimento. Como não escrever? Como não pensar? Como respirar? Como carregar o fardo inenarrável de existir e não explodir? Liberdade é o espaço necessário à vida. Amplitude é o espaço necessário à alma!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Projeto

Esta na hora de iniciar uma nova jornada, atirar-se sem medo no desejo mais íntimo. A confiança está aí, o sonho também, a força de vontade se faz presente, logo é chegado o momento de recomeçar de onde parou. Criar, sorrir e não lamentar os empecilhos ou a dureza da crítica, aguardar sem o terror da ansiedade... Largar o cigarro!!! Eu quero este prêmio!!!! Aliás este prêmio já é meu!!!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Muito obrigado

É com um alívio desmedido que agradeço, obrigado por tudo e qualquer coisa que tenha feito por mim e em mim. O valor de perceber como ser a mesma e ser o melhor que se pode e se entregar, se dar aos projetos, aos amigos, e ver que a intolerância alheia é sim problemas dos outros e não meu, não me culpar porque alguém não me suporta. Eu amo as pessoas de uma forma mais universal porque diferente do que alguns teimam em acreditar há qualidades até nas pessoas mais difíceis. Sem raiva, sem rancor, sem nenhum sentimento a não ser o correto de fiz o que pude e se meu melhor não basta para viver em harmonia, sinto por esta pessoa pois seguirei de consciência limpa, afinal o meu objetivo é terminar o dia ouvindo música na tranquilidade de casa.

Molde

A leveza de ser folha, de ser levado ao vento, acalanto, alento, ser rocha quando tudo ruir, ser água se mudar, desejar... O desejo pode tudo, cria mundos e se refaz. Ser começo do resto e pra frente se compraz, de que adianta procurar culpados, o erro não se desfaz. Perdão só quem consegue ser maior e no seu melhor se doar!

Lacre

Velamos num lacre perpétuo coisas indizíveis, para resguardar a imagem que se tem, de que vale essa imagem no fundo da solidão de alguém. São livros, são músicas, são coisas, são amigos, nem amigos talvez só pessoas mas o são e quem aparta se retém. É o paradoxo de doar, quanto mais se doa mais se tem, sendo esta a lógica quanto mais se afasta... Para quem gosta de se enganar tornar pessoas bens de consumo é algo frívolo, mas quem sabe reconhecer em si e no outro tal equívoco será que existe salvação?

Se

Se eu coubesse em tua boca
Se estivesse nos teus braços
Se partilhasse seu abraço
Tudo se eu pudesse

Se eu me desfizesse em pranto
Se eu mais nada fizesse
Se de ti algo tivesse
Nada se eu pudesse

Se eu criasse "ses"
Se de novo tudo mantivesse
Se perdesse tudo de nós
Talvez algo pudesse

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dicotomia

Lendo "Pensei, apenas pensei"
pensei ter tais pretensões
percebi que quimeras são açúcar
e que muito doce -como dizia o Jaimeson,
em sua grande sabedoria-
acaba por dar dor de barriga.

Que tal viver o real hein, A.M. Mota?
De platônico basta meu passado
longínquo de síndrome de caracol.
E é assim, repensando, relativisando...
Mandando se fuder quando necessário, kkkkk
A realidade taí, sempre falei que as vezes
o melhor jeito de lidar com ela é negá-la...
Concluo com a sensação de...
Pqp! Eu só falo m...



Agonia

Desolação
S.f. Isolamento; desamparo.
Devastação, ruína.
Extrema tristeza, aflição, consternação.


As palavras querem nascer e não sabem como, e é assim nesta perfeita definição que se consome a alma. A solidão profunda chama, a quietude se faz ressoante e exige a introspecção. Mas nada de ruim tem isso. É uma dor semelhante ao parto, ao suor do garimpo, ao maior objetivo vindo de um trabalho hercúleo. O perfeito quer brotar mas não consegue, se molda, desdobra, desenrola e volta a estaca zero, até que toda esta agonia frutifique graciosa, de leve e acalente o âmago e faça valer cada lágrima escorrida, cada dor ressentida e complete seu ciclo com a mais gratificante das limpezas no espírito.

Venham encantos o mundo quer lhes conhecer...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Dúvida

Semente, cimento, ciumenta
ocre, agre, avarenta
plantando amores no telhado
naquele pedaço de zinco quebrado
amores vãos que denominam arte,
no leito penso o que é melhor:
as vãs utopias que visto em palco
ou as ilusões de alegria
embrulhadas em papel pardo,
que recebo com o nome de salário?

Reflexo

Olá moça do espelho, vejo que hoje está repleta de rosas meninas pelo cabelo, aliás vejo que você o cortou, melhor assim né?! Esse tal "desapego". Vejo que está bem sorridente e que o tempo tem feito bem as maçãs do seu rosto. Ainda menina... Bem menina, bem ninar, olhando pelos cantos, sorrindo pelos cantos, encantando pelos cantos... Logo, logo repleta e apaixonando os postes, mas antes de tudo e qualquer coisa como é bom se apaixonar por si!!!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

EGO

A flor não está aqui
e o corpo traduz isso como ofensa.

E se eu te fizesse meu
E se meu fosse todos os dias
E se eu perdurasse egoísta
E se o egoísmo fosse só meu
E se eu quisesse sobrepor
E se nada mais eu quisesse
E se nada de ti eu tivesse
E se nada de mim eu sou

Meninoão

Ri e encolhe os ombros, sorri com a cabeça baixa, lança olhares por entre os franzidos de sua testa e ainda sai cantando serelepe pela casa para o absurdo dos outros ouvidos, faz dancinha, faz caras, faz bocas e inventa prosopopeias e o que quer que isso seja, faz mais, desperta! Amacia, doma, afeta... Agarra pela cintura, encanta criatura-monstro que qualquer moleque de longe pra mais longe fugiria. Vem e fala, puxa esta cordinha que o tosco sombrio precisa aterrissar, ensina a ver com teus olhos, mostra como entender isso, pois a brincadeira não pode parar e o mundo não vai fazer pausa pra abrigar, e como você vê tanto sentido nisso? Meninoão, meninoão vai doer ou vai amar?

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pêndulo

E o preço das coisas sem valor
As notas de desonra de um dinheiro laico
Restaura a saúde, o corpo intacto
Na consciência a podridão do dessabor
Arranca-te daqui mal prosaico
Vens sorrateiro as soleiras
Corroendo tudo que é fantasia
Pra satisfazer teu prazer arcaico
Maldito sádico de muitas almas
Apraz de tua inconsciente perda
Que foi a alegria das horas...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mainstream

Tanto quiseste, tanto fizeste e nada te contentou... Tá vendo, eu falei porra! A hiper-sinceridade não funciona para todos, pois quanto mais imaturas são as pessoas, menos aptidão elas terão para entender o que se passa no mundo real, e principalmente para ver que a realidade não é uma via única de entendimento.

-Tudo começa com a campanha pela banalização do Prozac, aliás ele será a dipirona do próximo século!
-Menina, tu só fala besteira, enquanto existir Ritalina quem terá tempo para depressão?
huhauhauhau

Iniciou-se assim a prosa pós-moderna.

Será que cada vez mais estamos ficando inaptos a dor? Talvez em pouco tempo o Brasil comece a ter suas "lojas da dor", mas por enquanto, já se verificam as correntes dormentes transitando em novos nomes e gírias que nem quem compõem define de fato, é por isso que a ideia do "Ciborgue" anda martelando tanto na cabeça. Decifrar o mundo? Encaixar-se nele? Ou tá de bom tamanho tentar descobrir quem sou?

Dia

Quando o sol entrar minha pele adentro
Vou sorrir como se rompesse camadas
Cantar a leveza dessa hora, dessa cor
Abrir os lábios em revoada de sons
Partir o peito e dessangrar alegrias
Nada mais é dor, só pêlos e meios e...
Amanhecendo o ápice de mim!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Largada

“… E, mesmo assim, estarei sempre pronta para esquecer aqueles que me levaram a um abismo. E mais uma vez amarei. E mais uma vez direi que nunca amei tanto em toda a minha vida.” Fernanda Young

"Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço" Caio Fernando Abreu


Após tropeços e tombos, as divas voltam a fazer carão e desfilar seu charme por aí...
Bem, já que não sou nenhuma diva e minhas tentativas falhas de carão deram sempre em novas quedas, levanto sacudo a poeira e respiro aliviada,porque sei que tudo de ruim passa, e vem o vento, vem o tempo e as decepções viram mero acontecimento, pois o que se deve levar da vida são as risadas e os momentos felizes, estes sim estarão sempre comigo e ninguém os tira, já minhas lágrimas, bem, qualquer guardanapo de papel fuleiro pode muito bem enxugá-las.
Dançar e amar estar dançando por dançar, porque posso, porque sinto, é leve, é fresco e é novo, sou eu de novo, 5,5kg mais intensa e bêbada e, adorando...

E, após este momento auto-ajuda, que se passa na vida de toda pessoa, e o meu teve direito à frases clichê e o escambau (risos) como podem ver no inicio do post, chego um momento ímpar que chamarei de REENCONTRO.
Volto a buscar a mim, quem sou, o que me dói, porque dói, porque nada me apetece, e essas feridinhas que a gente vai empurrando para de baixo de tapete e depois nem se toca de que ainda estão lá, formando uma verdadeira cratera. Mas, é hora de relembrar o porque das pequenas alegrias e valorizar cada momento de forma Baudelairiana.

Então, fica a moral da- neste caso com "H"- história: nunca anule-se por alguém ou você pode acabar perdendo-se de si mesmo.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Recado

Recomeçando o dia que parou semana passada,
Juntando os caquinhos das lembranças
A memória estava desbotada, mas não mais!
É possível acordar sem dor...
Cansa muito ter raiva dentro de si,
O ódio infla e inflama as vísceras
Mas não te deixa sair do lugar,
Enfim paz, paz de saber que melhores dias estão aqui
São hoje e no hoje se refaz cada momento mais tranquilo
E você por si só se consumindo...
Pra quê D. Ira? Não estou putinho-putinho!
Gostou?

terça-feira, 24 de julho de 2012

Estiagem

"Dói muito ouvir que algo faria diferença
Porque não faria não, você será sempre um filho da puta"

As entranhas se abriram ao meio e escorreram a vida como se nada fosse além de um viscoso vermelho vivo córrego. Lá se foram as esperanças de todos aqueles dias que nunca houveram e muito menos hão de haver. Pois este foi, perdeu-se e nunca mais se encontrou. Recusou admitir a paixão, receou amar quanto mais amava e isolou-se na solidão de não ser ele mesmo. Covardia pura e de tão covarde esgotou a fonte. Pois não há realidade a ser lida sem um pé na passividade -oi? fato social?- é preciso sentir para racionalizar, pessoas portas e/ou geladeiras causam um mal sem fim: o pseudismo racional pragmático, ao invés de auxiliar, funde o intelecto das pessoas e atrai soluções imediatistas a problemas de cunho puramente sensitivo e que pedem soluções nada lógicas. É assim, morreu tudo, enfim, terminou aqui!

Rasura

" Quanto a escrever mais vale um cachorro morto"
Clarice Lispector

Mais vale um cachorro morto ou um autor sabotador de si?

Escrever é tão natural quanto respirar, pois sem a palavra tudo se prende, se represa, não passa de pura intenção, intenção de ser intencionado, de saber, de expor. Escrever é para a alma uma limpeza da mais profunda, com água, sabão e soda cáustica ou caótica. De tudo vale, qualquer coisa solta, revela, releva e transparece. Se não houver caneta e papel - amor ao tradicionalismo-, há o digital, o novo, a tirinha, mas há de se escrever e compor em sons de sílabas compassadas a esperança de brios nos porvires dos dias tão altamente modernos.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Caminho

Segue o sol como sempre há de ser
Segue a vida com tudo que nela há
Segue o rio segundo seu curso
Segue eu vivendo sem respirar

Tum

A quem possa interessar
larguei no ar ao infinito
meu pequeno coração partido
com ambições de voar

A quem o encontrar
peço favor por em envelope
manda-lo feito a galope
para me acalmar

A quem pisotear
desejo-lhe sorte
pois nem mesmo a morte
o pode destroçar

A quem passar por engano
espero que passe ligeiro
seja você o derradeiro
e não se derreta em pranto



Memórias póstumas

Parecia impossível que o sol descesse, abrisse suas entranhas e
comesse uma baleia de 19 metros.
Mas mastigou, engoliu e deixou cair migalhas...

Questionado sobre o sabor da baleia o sol somente respondeu:
-Era bom demais pra ser verdade!
Você está negando que comeu carne de baleia?
- Não, só estou afirmando que comi algo, o que era não interessa, era bom
e por isso a engoli.

E agora o que será do mar sem a baleia?
O que serão dos peixinhos que nadavam em volta da sua boca?

" Não interessa o quanto você se importe sempre terá alguém que não ligará"

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Nada peculiar

Sabes dizer por que entraste em minha vida?
Não te lembras? Sou eu, com todos os meus viezes, todo ócio
Idas ao banheiro, falas sem pensar, frescuras
E todas as faltas de frescura da "mulher-menino"
De delicado há apenas o gostar e o cuidado.
"A paciência é uma virtude até deixar de sê-la"
Não teste a perseverança alheia,
Ainda mais depois de tanta brincadeira
Meus braços abertos entrelaçam um abraço que ama
Mas não apaixona, não é passível de paixões,
ou melhor dizendo só se alimenta dela, nada mais
Deverias estar orgulhoso de seu trabalho
Conseguiste tudo que almejaste com tuas palavras
E todos os desasperados discursos que destonavam
De tuas mãos macilentas e macias
E eu aqui, tua melhor e pior amiga, te perdendo...
Perdendo toda a felicidade que compartilhamos um dia
Porque nossa amizade era para sempre
Infelizmente, sempre não é todo dia!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Martírio

Intemperança, avidez,
eu súbita tez,
na calma de tua bonança.
vias, rias, a dança.
teu suor em canto,
meu abandono espanto,
no dia agonia
gritei...
eu súbita perdi
tua fria tez.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Domínio...

Antes era presa sufocada no caos próprio,
sem voz, sem força.
Calada na paliçada perdia dentro
da sanidade a loucura e fechava ao mundo.
Piva, todos podem ser piedosos!
Não posso nem quero ser piedoso!
Odeio a normalidade, porque o normal é doente
e querem-me doente porque a doença dos dias
é a conformidade.
Deixem minha individualidade, minhas roupas, meus livros,
minhas músicas agres, meus vieses de ótica...
A relação entre a posição de suas falas e
meu mundo é exatamente proporcional e oposta,
não encaixo no quadradinho, não quero quadrados,
a vida é repleta de diversas formas,
viver é ter forma e não normas.
Se te dói a existência de círculos e retângulos
é sinal que o mundo ainda tem jeito,
porque esta dita realidade pode tudo
exceto parar de sentir!!!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Olheiras...

Me conte de você
Me conte de sua agonia
Fale daquela dor
Argumente sobre seu dia
Você está bem hoje?
Tem algo a falar? Fale!
Tenho os sons das iras
Tenho os prantos
Abrigo calmarias
Vinhas, idas e vindas
Comporto o mundo
Comprometo mudo
Abre alas da paixão
Algoz triste da razão
Num fode...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pairando no telhado

Olhando para baixo,caramba, quanta coisa aconteceu. A altura parece pequena diante da distância do meu pensamento. O jardim está cheio daquelas garrafinhas de cerveja, todas enfiadas de cabeça para baixo, uma para cada porre. Nossa, nunca me dou conta do quanto eu bebo, não até ficar bêbada novamente. Há quantas eras eu merecia encher a cara, beber é meu menor problema. Sinto falta de um monte de nada que ao final percebo ser tudo de tudo. As pessoas me dão medo, mais medo até que esta altura toda. Mas você meu amigo beberrão, que chorou e sorriu comigo e dividiu todas as heinekens e colaborou para a construção desta arte no jardim, mesmo longe está aqui, em cada gole que dou, porque foi no nosso fracasso que alcançamos o prêmio da nossa amizade boêmia e foi na madrugada alcoolizada que triunfamos sobre nossas dores, pois não éramos mais estranhos sozinhos, éramos dois amigos que compartilhavam, compreendiam e que jamais se esquecem.

Te amo Pitinga!!!

P.S.: Te devo este texto há dois anos, te devo muito da nossa amizade há pelo menos três, ainda sim não há um único dia que se passe sem que eu lembre do mais fiel de todos os amigos: você!

Último suspiro

Não doeu,
teu desespero, desamparo,
o cuspir e o escarro, me parecem
reações infantis.
Triste, amarga, ferida, estuprada,
não doeu...
Passei dormente e adormecida por tudo
e até pela minha própria vida
por acreditar ser você
minha vida, e não era, não é.
Ser mãe, amante, amiga, confidente
de falas nada coerentes,
de hojes que morrem agora
e de amanhãs que só chegariam na minha
mente (ou na sua).
Amei o você que existiu somente
na minha cabeça e de lá jamais saiu.
Você não é a imagem que amei,
e demorei muito para aceitar isso.
Você era perfeito, mas você é você
e não consigo amar seus defeitos
na verdade não consigo aceitar
seu verdadeiro defeito: SER ESPECTADOR.
Eu vim para estar no palco e não para
esperar a cortina abrir, vim criar,
chorar, sorrir, me abrir...
Não morrer a espera da vida, da obra,
do trabalho, do caso, do caos.
Não vivo de espera e odeio a espera em si.
Para quê meios termos?
Precisei ouvir que eu era idiota pra ficha cair.
Quase morri, de fato quase me matei,
e neste momento te morri em mim
pois é o essencial para que EU viva.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Lembrança

Acho tua boca linda!
É uma boca desvirtuosa, macia,
Qualquer um adoraria derramar.
Acho tua boca linda!
Boca de escárnio, de mordida,
De sordidez e delírios.
Boca de seios, várias bocas e pêlos.
Acho tua boca linda!
Perco o senso de que és boca antes
E qualquer e tudo... Meio.


Nem me lembrava da última vez que olhara com tais olhos, a pessoa continuava ali, mas preferi escondê-la sob a capa dos supérfluos defeitos, mas ela estava ali, continuava ali e jamais se escondera. Eu me escondi, me menti de mim. Porque queria olhar o feio e fixar-me nele por achar-me também feio, mas de todo feio não sou. Feio fui quando te perdi de dentro de mim, quando perdi tudo e tudo não tinha. Estava oco e recoberto de não, neguei-me o prazer, o vício, a lascívia, o ócio do teu colo e o ofício da tua língua. Recobro a paixão por viver, ler um livro, pela vida, poesia, por pequenos prazeres do dia-a-dia, do ser, do sentir, do doer, do gozar, de estar e estar contigo. Do seu lindo nariz e beijos aloprados, de cócegas e apertões, puxões de cabelo e cansaço. O suor do teu corpo no meu jamais suado e enxergar nas pessoas razões pelas quais vale a pena existir.