quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Intempéries niilistas

Podem passar...

Por entre fotos e fatos, conversas sem sentido onde o nome a boca suja roda, um passo de cada pé compassado pelo vislumbre de saber quem é, e pelo apelo do menosprezo do fingimento alheio, mentira a la Fernando Pessoa. Seguindo a cegueira de crer conhecer, ser sedento dos saberes podres, e pior fazer-se de humano pra ser estranho e de pronto alcançar singeleza. Mente, pois só o que sobra de verdadeiro é a verdade de mentir.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A vida...

Cadê o sentido das doçuras, da amplitude do teu rosto, leão a abocanhar o mundo, cruzas, revoltas, trovas... Amas ao ponto de matar? Onde está a leveza do sorriso, das têmporas relaxadas? Qual teu nome amargura intranhada na fronte? Bebe! Toma toda beleza como vorazes vermes reluzentes de cobre, desfaz o conexo do ver, arrasta-te sofrêgo nas veredas da tua solidão. Queima viva neste perpétuo involucro de tristezas acres. Ri da desgraça que plantas e da qual não consegues sair. Haviam arco-iris a tua volta, lembras? Haviam flores e candelabros, um sorriso no canto esquerdo de teus olhos e uma canção esplêndida em tua retina. Se fosse descrever o dia, semearias aos ares açoites de sopros e envolverias em tua fúria ardil as águas ineléveis do teu existir. Abre tua enorme barriga e acolhe o choro no silêncio da ferida. Consome, suga, sorva e por fim enegresça e morra.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Franco

III

Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.

Do desejo - Hilda Hilst


É o medo o grande vilão das histórias, porque quando se pratica a vilania é necessário extrapolar os pontos e perder-se em força de vontade, é quando já não há mais nada perder. Aos mocinhos e mocinhas (esta modalidade modernista chamada gênero obriga a mencionar de tal maneira), por favor revistam-se da atitude altiva de um vilão em prol do bem. Aliás hoje é difícil demais, pois a covardia -ao contrário do gênero- se generalizou. As zonas de conforto estão cada minuto mais condizentes ao nome e ditadoras. Partir para o primeiro passo implica em um começo, e, é complicado recomeçar, mas é a vida. Não é um ciclo! São reciclos em que você aprende aqui o que perdeu a oportunidade de fazer lá trás, não importa com quem, não importa como, se o momento é outro em outra circunstância... Aprender a doar-se no melhor de si, para que algo aqui, qualquer coisa tenha valido a pena.