quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Lis.

Na rede embalava vários pensamentos sobre o dia. Miolo em um copo vagabundo ainda com a embalagem de azeitonas parcialmente rasgada, queijo cortado sem muita cooordenação, Neruda em paginás alternadas, Nara Leão nunca fora tão desprezada e uma calmaria dominava aquele final de tarde de sábado, tranquilas cada partícula de nada presente no ar permanecia. Tudo era pasmaria, tudo menos o coração.
Ainda entalada com aquele “tchau”. Do porto você cantou uma música tão nova e tão antiga, choramos demais. A capital não possui o glamour que dizíamos ter. Na verdade, nossas conversas chorosas eram bem mais elegantes que tudo isso aqui. Nem freira, nem arquiteta, nem militar, nem jornalista. Você, bem, você constituiu família. Lembro de inúmeros “argh’s” quando alguém citava a idéia de prole.
Sua filha tem meu apelido. Vi a fotografia, o primeiro aniversário dela, vocês estavam lindas. Quando li a descrição da foto (Eu e Ysa) as lágrimas desceram nos cantos dos olhos. Me perguntei o porque de você não me dizer nada, não avisou nem ligou. São quatro anos sem nos falar, mas naquele momento fui tão amada, você não esqueceu, nossa amizade está adormecida por tempo indeterminado, vi o quanto a amo e que nunca foi preciso dizermos nada. Sua cria tem parte de mim.
Ainda guardo uma carta, 17 de julho de 1999, Elis. Esta toda marcada e corroída, lia sempre, mas o sempre as vezes também fica esquecido. Aquele barco distinguiu as vidas e as passagens, o primeiro beijo que te contei no corredor da escola e de chorarmos juntas o fim do ano letivo e consequente separação, só não contava com o tempo.
Chegamos ao ponto em que o dia se arrasta como décadas cafonas e cruéis, já os anos voam pela janela nos fazendo velhos a cada brisa. Suas mentiras fazem falta e toda a dramaturgia do seu dia, fazer bolos incomíveis e chacotear as garotas rebolativas querendo chamar a atenção dos meninos idiotas. O mundo estava no pé, infelizmente ambas calçam 39 então o mundo ficou pequeno. Poxa nem tomamos um porre juntas.
Não estou triste pelo seu rumo, não foi isso que você escolheu, mas foi o que a cultura interiorana te permitiu, independente do que os outros defendam com aquele papo de lutar para ser alguém e blá blá blá, sei da realidade, da verdade e do dia, se tivesse ficado não seria diferente. Sairia de uma prisão a outra como brincadeira de criança. Criança que brinca com a vida e morre sem vivê-la. O presente dos dias é o inesperado.
O livro de História ficou péssimo, nunca se viu pior capa para um livro, mas as risadas provocadas por ele foram eternas. Ainda sabemos roubar frutas? Bocas de cor púrpura e saias cheias de azeitonas, ingás e goiabas. A coleção de flores mortas era linda, doentia, mas linda, infelizmente também foi desfeita.
No fundo de cada verdade ficam as faces, em cada face versões e em cada versão o seu lado de verdade. A tenracidade daqueles dias está presente nas lembranças. As cicatrizes são iguais o que as diferem são as profundidades. O peito inunda com a reciprocidade e a distância, há ainda ausência das palavras e do contato afetivo que seriam requesitos básicos de qualquer amizade. Sempre aí e eu aqui.
A moça mais bonita da cidade, era o corpo, a letra e o jeito. Sombra de adolescência, quando se demora muito a amadurecer o processo passa e é tarde demais, você pula direto para a fase adulta, não é bonito. Abrupto, pureza corrompida, inverdades sem malícia, crueldade sem requinte.
Vinho, queijo, música e livros. Sozinha na varanda. Família, filha, casa, amigos sempre ao redor, barulho, risos e um dia repleto de pequenas alegrias banais. Quem ganhou mais com aquela viagem? O rio corre da mesma forma que corria, os bíquinis continuam dando raiva e vestindo muito bem quem não deveria usá-los. Falaríamos e riríamos de todas as situações que só a categoria de nossas olhadas enquadram. Seu lugar era aqui, por isso bebo e bêbada desperdiço parte de mim.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Saindo!

Este mundo já não me comporta mais...

Soltei as amarras, alcancei o rio e vi alguém tão abaixo do que poderia. A sala era pequena demais, o desafio desistira de mim e o costume triunfara, não reconhecia mais eu em mim. O que aconteceu? Não sei dizer, mas confesso que independente do que for que tenha ocorrido a transformação de seu de forma natural, mas não, não era esperado. O silêncio foi corrompido não pelo grito, mas por um aceno de tchau. Adorei a vivência, me ensinou tudo o que eu não quero pra mim. Grata, muito grata.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Crianças.

Oi, passou muito tempo né?
Estou feliz de te ver.
Mal te reconheci, cortou ocabelo, está sem maquiagem...
Verdade, rsrs, estou ouvindo muito Elis.
Rsrs, como sempre. Bem, o que faremos?
Não querendo ser grossa mas... Cale a boca!
O que foi?
Apenas me dê a mão.
Como? Assim?
Isso!
E agora?
Lembra quando éramos pequenos e saíamos por sair de mãos dadas com o sol no rosto?
Sim, lembro, mas...
Nada de "mas"! Lembra a sensação?
Normal?!
Ahh! Claro que não era normal, éramos crianças! Respire!
Ok!
Agora simplesmente limpe sua mente e me acompanhe.
Para onde vamos?
Não interessa para onde ou porque, preste atenção em si e em seu caminho.
Você acha que...
Sim, experimente!
(chorando) Posso voltar a te amar?
Sei que você nunca deixou, só afastou em pouco, como todos fazem.
Você ainda me ama?
(um tapa) Positive ou negative meu gesto. Estou aqui, esta é resposta.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Trecho da agenda.

04.11.08 § 02 meses ( ainda puta pela imagem dele de cabeça para baixo dormindo bêbado.)

“Tem um lugarzinho no meu coração que nem você é capaz de saber que está lá. Você está preso em sua 'liberdade' e por mais que me doa nunca vou nem tentar te livrar disso, o tempo te ensinará e você verá o que fez com consciência, mas será que até lá eu não terei me acostumado? Em caso positivo você vai me deixar, porque achará horrendo uma mulher aceitar as coisas assim; já em caso negativo você me deixará por passar a me ver como coitada e achará baixo demais para você. Entre a cruz e a espada eu escolho a flor!”

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Boa vida pra você.

Fico grata por todas as palavras e mensagens, de fato estou lisonjeada, e sim eu sou eternamente agradecida por tudo que você fez por mim, contudo entenda que o bem feito não foi em vão, mas como o pretérito indica ficou no passado. Você foi e eu fiquei, você não contava que eu também superasse não é? Então estou aqui e infelizmente digo, quem parou foi você, sinto muito mas a verdade é que já não sinto, independente de quantas vezes insistir, nada mudará o fato de que eu mudei, de que o que seja lá que houvesse morreu, e para mim tanto faz quem matou, se existem culpados ou não, se te odiei um dia, se feri ou fui ferida. Desejo muita calma e trabalho, você saberá assim como eu soube, que estes são fatores fundamentais em todo e qualquer sofrimento, se ainda sim você vier atrás de “ombro amigo” te dou mais estas dicas: Visite o Largo as quartas, bem, invista também nos Bilhares, boites de putaria ou qualquer coisa que o faça rir. Compre roupas! Tenha um gato! Eles são maravilhosos para quem quer um bichano carinhoso sem ter que cuidar muito. Esqueça o número do meu telefone, é somente um número e não a indicação da sua salvação. Saia, divirta-se. Coma mais frutas e sim volte a viajar como antes fazia. Procure os amigos de infância, nem que seja para um bate-papo por telefone, leve seus sobrinhos, filhos, enteados, tios, avós e conglomerados para o circo, estes tipos de atividades o ocuparão de uma maneira que apesar de tudo e de todo gasto será satisfatória. Deixe a barba crescer uma vez a cada trimestre, nesta sua pele me agradecerá muito. Vá a Ponta Negra, ao CIGS, conheça o Vitrola, esteja certo, eu não estarei lá (nada pessoal ¬¬ ). Pare de freqüentar o Avenue. Saia das micaretagens e festas de mesmo naipe, são distorções coletivas que não te acrescem em nada, com exceção do Chiclete com Banana! Não fique rodeando seus problemas ou falando muito deles. Não tenho obrigação de ouvir suas lamúrias, aliás ninguém tem. Pare e pense um pouquinho, saia deste egoísmo atual e encontre as outras formas de egoísmo que são justamente as de que precisa. Isso é tudo que posso te oferecer, estes poucos conselhos, de resto apenas digo se nada disso te servir mesmo assim me esqueça. Meu tempo para você se esgotou, então lembre-se: Seus problemas são seus, assim como os meus são meus e ninguém pode fazer nada pelos problemas dos outros. O dito popular é certo: “ Quem tem pena do coitado que fique no lugar dele!”

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Aos prantos.

"Na frente do computador, sozinha nesta manhã fria."

Chorando de idiota, choro.
Porque comporto tão grande sentimento e cresce um tanto quanto o tempo.
Vi sua foto. Me faltou chão.
Meu melhor de mim, meu você, minha noite fria de costela,
meu sorriso na chegada.
Choro por alvo, choro por efêmero,
por saúde ou falta dela...
Você, eu, os dias, beleza, a falta hoje, a sangria.
O idealismo, a visita, a crítica...
Choro e fico.
O seu melhor não por você, por meu egoísmo.
Você mais intrínseco.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Chorando poeira.

Sim, percorremos na linha tempo-espaço e seguimos vagando, as vezes mais afetados, as vezes menos notados, confusos, altruístas, declinados, caminhando... ou não. Uma pergunta direta nos tira o fôlego de vez em sempre. Sim nos calamos com o direto. Flauteamos a vida por medo das aberturas. Me recuso a aceitar o óbvio, mas nada que eu faça poderá mudar ou influir no ponto que estamos. O que está morto está morto, mas não menos influente no que nos afeta. Sim, marcou mas não poderá ser revisto, revivido, afável... Choraremos o pó do homem? Não! Choraremos sua história, o entrelace, a costura, o nó, a dúvida, ou melhor, as dúvidas, os "e se's". Que idiotice não se choram "e se's" é coisa de fracos. Ok, beleza! Na face da Terra todos os viventes são bem resolvidos e jamais se afetarão pelo outro, e ainda vestirão que o outro sou eu, e que eu sou um espelho do pragmatismo ortodoxo cotidiano. Levem flores, rezem ao estigma das rosas brancas e sorriam aos homens sujos que pedem esmola no estado da fartura, sim sorriam mas não os deixem nas calçadas de suas casas. O resultado de nós é um histórico, sem pontos, sem vírgulas, atropelado de erros e desencontros, amarrado por correntes, pairando entre ritmos de pensamento e sansões de sentimentalismo. Diferentes graus, no entanto todos comedidos pela mesma densidade ou falta dela dentro de suas respectivas sensações. Abramos os olhos para as cadelas com colares de cristais. As praças dão náusea, o conhaque dá náusea e tudo paira sobre um tecido preto de textura áspera que sempre esfola os joelhos.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Nóis

Sela seu desejo ao meu
Ata sua sede à minha
Unifica nossos âmagos
Enlaça todo querer
Iça as vontades
Eriça cansadas pupilas
Alisa boca na língua
Encontra com as papilas
Toca na troca
Aguça os mamilos
Lambe o umbigo
Escorre no queixo
Cega saliva.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Conceituando.

Odeio meu xiismo. Tenho tido dificuldades para criar definições das coisas que vejo e vivencio. Exemplo 1: Não sei dizer o que é Pureza. Acho que sei o que é mas não consigo descrever de forma alguma. Me obrigo a ter partido e renegar os meios termos, adoto partidos e sigo os extremos de minhas crenças. É errado eu sei, não se pode seguir tudo paulatinamente como se fosse um Che das orbes naturais. Mais uma vez este tipo de comportamento me deixa em uma situação assaz delicada. Tenho medo de mim, pois não sei do que sou capaz de fazer ao assumir a empreeitada de autodescoberta em que estou me metendo. E se eu for e não puder voltar? Será que volto? Por que tenho tanto apego pelo que sou hoje se não gosto de muito do que vejo? Uma caminhada delicada, dolorosa, sofrivél e muito complexa. Resultados incertos. Coloquei em meu profile algo tipo "Psycologhist buster", fato 1: Preciso de ajuda profissional. Fico insuportavelmente chateada comigo por não perceber as alterações e situações que ocorrem simultaneamente ao meu redor, coisas bobas. Exemplo 2: Você deu um tapa na cara daquela mulher. Sim eu vi, você estapeou a dita cuja e eu vejo raiva ou vingança, mas fica nulo e quieto o porquê dentro de mim e não consigo extrair a verdade mesmo óbvia. Os sentimentos péssimos me envolvem, sabe todos aqueles que geralmente começam e terminam pela culpa. Sim esqueci o que é estima, mas quer saber escrever tudo que percebo em um pequeno caderno tem me deixado muito mais calma. Sairei deste labirinto, tranquila, bem diferente de como entrei em todos os sentidos.