sábado, 9 de novembro de 2013

Obscena Flor

É calada que consome,
é calada que se consome,
é calada que te consome...

Arde entre os pelos lisos e a suavidade da voz,
puxa, desliza, beija, acaricia e queima
e queima...

Muda desnuda, pele nua
a dela na tua
musa nua na lua, na rua, na grua
no chão
sabemos que entre elas não há não
senão
o fim de sussurros e gemidos 
tesão!

terça-feira, 2 de julho de 2013

Ensaios desastrosos sobre o nada.

I

Poema em dor maior:
Tão grande quanto todo amor do mundo
São as dores provenientes dele.

*****

II

É como o sol de meio-dia
Bate aquela agonia
Dá vontade de gritar
Aaaaaaahhhhhh!!!!!

*****

III

Na janela da casa um retangulo
Um ângulo pelo qual tudo passa
O baforar do diabo em mormaço
A chuva que do nada cai e abafa.

*****

IV

Não vês o passarinho de presente
Aquele embalado em tons crescentes
Que lhe foi dado em tom discrente
Por quem viu o amor virar poente.



segunda-feira, 1 de julho de 2013

Reticências

De sede, de sono, de saudade
de tês, de tédio, de tejo
de mim, de ti, de vez
de asfalto, de grama, de brejo.

Espera na janela

A coisa mais bonita que se pode guardar consigo é a pureza. Envelhecer sentindo-se criança e olhando para as novas vidas com olhos de pura contemplação, esquecedo-se deste cotiano blasé nosso de cada dia.

E o rio corre seu curso morrendo no mar, ou nasce um oceano nas aguás que se perdem, tudo é um ponto de vista. Quando trazias em torno de teus olhos dramáticos todas as falas que só crianças como você poderiam criar, encantavas ao mundo. Um mundo que não mas sabe o que é ser criança. Que não corre, não bate, não come o batom da mãe e se recusa cada vez mais a reproduzir as peraltices da geração anterior. Você vai crescer e ter seu belo tempo aureo, enquanto cabelos brancos nascem em quem provém dos anos 80. Vai descobrir com tamanha superior facilidade, coisas que noutra época apanhou-se muito pra saber, e de certo se enrolará com coisas deveras simples, mas que ninguém mais poderá te explicar. A quem vê todo este processo desenrolar resta a certeza de sua única forma de contribuição: AMAR!!! Sem limites, tamanho ou pensar. Pois chega a hora em que se é inutil, diante da possibilidade de uma vida inteira pela frente.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Encontro

Desliza esta barba ruidosa em minha nuca,
roça meus pescoço e orelhas,
morde meu lóbulo e diz que sou tua,
aperta-me as coxas e deixa-me marcas vermelhas,
me faz presa, sem pressa,
me doma, me toma, me leva...

A carta

Ah, quem dera eu pudesse ter a alegria de encontrar em meio aos meus guardados uma escrita sua, mas não, alimenta-me de fome das tuas palavras, e eu sedenta criatura, ponho-me a olhar os mesmos escritos de sempre.

Quando te apeteceres de algo não reveles, é no silêncio do teu olhar que se contempla e se responde as grandes questões da Terra. Como por que te fazes menina, e sorris de canto de olhos enquanto de trago um elogio de leve, de rictus, de alvura. Sabes o nome da poesia de teus olhos? Excertos de Castro Alves perdidos na parede da memoria de tua mocidade. Em tuas saias rodadas e a leveza com que se esvoaçavam teus cachos, nos anos celestes de tua candura e viva morada da memória mocidade.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Clonagem

Acreditava realmente que podia fazer sentidos as tuas tontices.

Nem creio que seja a toa,
O egoismo transcende a razão de ser.
Por que somente as próprias crises tem valor?
O outro eh um vazio perdido.
Tenho que ser compreendido porque sou/devo
Ter entendimento
O alheio deveras pouco ao meu conhecimento,
se me volta faz mal, fico mal e isso num pode.
Nada de recostar mau humores e tristezas
Tenho minhas próprias.
Nem estou contra você, apenas do meu lado
O lado que quer ser sempre entendido e num pode
Sofrer o agouro do ser o outro.
Mata-me e discursa sobre o que eh felicidade!