quarta-feira, 11 de abril de 2012

Lembrança

Acho tua boca linda!
É uma boca desvirtuosa, macia,
Qualquer um adoraria derramar.
Acho tua boca linda!
Boca de escárnio, de mordida,
De sordidez e delírios.
Boca de seios, várias bocas e pêlos.
Acho tua boca linda!
Perco o senso de que és boca antes
E qualquer e tudo... Meio.


Nem me lembrava da última vez que olhara com tais olhos, a pessoa continuava ali, mas preferi escondê-la sob a capa dos supérfluos defeitos, mas ela estava ali, continuava ali e jamais se escondera. Eu me escondi, me menti de mim. Porque queria olhar o feio e fixar-me nele por achar-me também feio, mas de todo feio não sou. Feio fui quando te perdi de dentro de mim, quando perdi tudo e tudo não tinha. Estava oco e recoberto de não, neguei-me o prazer, o vício, a lascívia, o ócio do teu colo e o ofício da tua língua. Recobro a paixão por viver, ler um livro, pela vida, poesia, por pequenos prazeres do dia-a-dia, do ser, do sentir, do doer, do gozar, de estar e estar contigo. Do seu lindo nariz e beijos aloprados, de cócegas e apertões, puxões de cabelo e cansaço. O suor do teu corpo no meu jamais suado e enxergar nas pessoas razões pelas quais vale a pena existir.